Pode-se dizer que as primeiras jogadas destes contos começaram a ser criadas quando dei meus primeiros chutes numa bola colorida de borracha ou, quem sabe, numa “dente de leite”. Os mais velhos sabem do que digo…
As experiências vividas em peladas e “jogos contra”, em ruas de asfalto e paralelepípedos, no colégio, em campinhos de terra ou de (pouca) grama, quadras de clubes ou praças, até mesmo no quarto e na sala de casa; nas arquibancadas, gerais, cadeiras e tribunas de imprensa do Maracanã e de outros estádios, alguns bem acanhados; nas redações; na cobertura jornalística in loco de tantas partidas, das menos importantes às grandes decisões, e a — permitam-me — fértil imaginação, fizeram esta criança crescer e se desenvolver para finalmente entrar em campo.
A viagem no tempo e no espaço por todos os lugares onde o futebol pode nos levar é a mesma daquela bola colocada com maestria, em câmera lenta, no ângulo, lá onde a coruja repousava, apesar de o constante som ensurdecedor das torcidas.
Muitos personagens dos contos deste livro foram inspirados em pessoas que conheci, alguns são amigos com os quais ainda convivo, uns com mais, outros com menos frequência. Por motivos diversos, preferi não revelar os nomes verdadeiros, nem o meu, embora para quem conheça — ou conheceu — fique muito fácil identificá-los.
Há outros, porém, que foram tirados da cartola, ou melhor, da cachola. Há histórias que me foram contadas e misturei com outras. Em muitas, eu estava lá. Se aconteceram exatamente como estão escritas, não tem a menor importância. No mundo da ficção, onde muitas vezes há mais verdades do que no noticiário do dia a dia, uma mentira bem contada vale muito mais do que uma realidade mal (d)escrita.
Esta foi a minha intenção, e espero ter acertado o gol. Lá no cantinho.
Ou melhor, nos continhos.
Eduardo Lamas