Cantos à beira-mar, obra de Maria Firmina dos Reis, foi publicado originalmente em 1871, com cinquenta e seis poemas, sendo dedicado em memória de sua mãe. Tendo passado grande parte de sua vida em Guimarães, cidade litorânea do Maranhão, o mar e a praia são presenças marcantes em sua poesia, sendo retratados como um lugar de beleza, meditação e até mesmo melancolia, tendo a praia como um local propício para reflexões em torno dos sentimentos e anseios da autora. Essa característica pode ser evidenciada em poemas como “Uma tarde no Cumã”, “Nas praias do Cumã”, “Cismar”, “Itaculumim”, “Meditação” e “Melancolia”.
A obra retrata o movimento literário romântico em vigência no Brasil, o ultrarromantismo se faz presente em poemas como “Amor”, “Desilusão”, “A dor que não tem cura”, “Súplica” e “Confissão”. Vários poemas são dedicados às pessoas ilustres, tendo também exaltação da terra e um nacionalismo forte, elogiando a província maranhense e a capital São Luís, pelos seus cenários naturais e também seu passado de luta, sem falar na exaltação aos soldados que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870).
É possível observar em seus poemas, críticas veladas à opressão patriarcal, uma denúncia ao papel social destinado às mulheres de sua época, distanciadas do ambiente público. Maria Firmina dos Reis foi uma mulher a frente de seu tempo, subvertendo os padrões estabelecidos, dando voz aos esquecidos pela sociedade.