Antes mesmo do termo “detetive” ser cunhado na literatura, Edgar Allan Poe – um escritor além de seu tempo – nos apresentou o personagem C. Auguste Dupin, um excêntrico investigador criminal francês, notável por sua inteligência, capaz de solucionar grandes mistérios por meio de um método descrito pelo autor como “raciocinação”, que seria a mistura entre um raciocínio lógico e uma imaginação aguçada, criando uma verdadeira máquina cerebral capaz de desvendar os mais emaranhados crimes.
O personagem serviu de inspiração para os outros detetives que o sucederam na literatura até os dias atuais, incluindo Hercule Poirot, de Agatha Christie e, especialmente, o lendário Sherlock Holmes, personagem criado por Sir. Arthur Conan Doyle.
Dupin mora em Paris com um amigo próximo, um narrador anônimo de suas aventuras (note a relação entre Sherlock Holmes e Dr. John H. Watson). O personagem, não é, de fato, um investigador profissional, e suas motivações variam ao longo das narrativas. Em Os assassinatos da rua Morgue, ele empreende sua investigação por mero prazer e com o objetivo de demonstrar a inocência de um homem injustamente acusado, recusando-se a aceitar qualquer recompensa por seus serviços. Entretanto, em A carta roubada, Dupin parte deliberadamente em busca de uma recompensa em troca de sua ajuda.
Os assassinatos da Rua Morgue e outros casos de C. Auguste Dupin reúne todos os contos clássicos de Poe protagonizados pelo personagem, a trilogia escrita entre 1841 e 1844: Os assassinatos da Rua Morgue – que é considerada a primeira história policial e investigativa a ser publicada –, O mistério de Marie Rogêt – primeira história a ser escrita do gênero que hoje chamamos de true crime, também conhecido como crime real, onde o autor se dedica a explorar casos criminais verídicos, no caso, o assassinato real de Mary Roges –, e A carta roubada.