A Transgeneridade além da materialidade da ciência, mas sem o abandono dos saberes intelectuais, se pauta pela experiência clínica e humana da autora, embasada por Carl G. Jung, fundador da psicologia analítica, trazendo referências e contribuições importantes nessa conexão ocidente e a espiritualidade do oriente, conceitos muito citados no livro.
A autora descreve sua experiência com olhar clínico e etéreo sobre a alma humana e suas múltiplas facetas. Todo o percurso entre os muitos atendimentos da pessoa, desde sua chegada até a transição de gênero frente a família, vão além do consultório, sendo uma costura inteligente e empática, traduzida em mais do que um caso clínico, mas mostrando de forma acolhedora a convivência, a redescoberta e mesclas de pessoas reais. Vidas, histórias, sentidos, encontros e saberes tem papel fundamental na história.
A obra retrata assuntos diversas vezes ignorados no contexto social, fazendo com que a narrativa seja uma possível alavanca para a contribuição construtiva desta história incrível de pessoas sendo pessoas na contemporaneidade.
Os aspectos mais abordados, como medo, luto, vergonha, amor-próprio e alianças familiares, são trazidos de forma iluminada, para nos fazer entender que estamos passando por uma existência, onde a validação do si mesmo é a única coisa com a qual devemos buscar, para conquistarmos todas as outras e estarmos aptos à arena do nosso viver.